Como devemos dividir o ônus de um mundo cada vez mais quente e suscetível a fenômenos climáticos extremos? Atualmente, compreendemos que os países em desenvolvimento dependem do consumo de combustíveis fósseis como fonte de energia acessível para atender demandas sociais básicas e fundamentais, como produção de alimentos, saneamento e fornecimento de energia para todos. Isso implica que esses países serão responsáveis pelo aumento das emissões de gases do efeito estufa nas próximas décadas. No entanto, à luz da história do colonialismo, sabemos também que os países considerados desenvolvidos se industrializaram dois séculos atrás com base no carvão - um combustível fóssil abundante e extremamente poluente - e, assim, consumiram uma grande parcela das emissões globais compartilhadas ao longo de muito tempo.
Nossa proposta, com o encontro entre Andréia Louback e Mariana Belmont, foi levantar a seguinte questão: Como enfrentar o urgente problema do aquecimento global, um fenômeno que afeta principalmente as populações periféricas e do sul global, por meio de políticas de mitigação, considerando ao mesmo tempo a história do desenvolvimento industrial como mais um legado colonial? O desafio do aquecimento global, primariamente local, foi discutido como um desafio historicamente ambíguo: por um lado, uma questão de mitigação para o futuro; por outro lado, como mais um problema de reparação histórica.
Andréia Coutinho Louback
Professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atua na área cultural desde 2006, como gestor, pesquisador, advogado e consultor. Foi secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura (2015-16) e assessor técnico e chefe de Gabinete da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo (2013-15). Autor do livro "Plano Nacional de Cultura: direitos e políticas culturais no Brasil" (Azougue, 2014). Foi Diretor do Instituto Cultura e Democracia e atuou na coordenação do Movimento Brasileiro Integrado pela Liberdade de Expressão Artística (MOBILE). Doutor em Direito pela USP, realiza pesquisa sobre direitos culturais e políticas públicas de cultura.
Mariana Belmont
Jornalista, nascida em Parelheiros (extremo sul da cidade de São Paulo), trabalha com articulação e comunicação para políticas públicas. Atuou em cargos no governo sobre questões ambientais e de habitação na Prefeitura da cidade de São Paulo. Trabalhou como coordenadora de comunicação e articulação do Mosaico Bocaina de Áreas Protegidas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Foi Superintendente de Programas e Diretora de Clima e Cidade no Instituto de Referência Negra Peregum. Foi colunista do UOL e agora escreve mensalmente para o portal Gênero e Número. Também é ativista, parte de movimentos ambientalistas e periféricos. Recentemente foi editora convidada da Revista "Diálogos Socioambientais: Racismo Ambiental" da Universidade Federal do ABCD. É organizadora do livro “Racismo Ambiental e Emergências Climáticas no Brasil” (Oralituras, 2023). Atualmente é Assessora sobre Clima e Racismo Ambiental de Geledés - Instituto da Mulher Negra.
Lucas Petroni
Possui formação nas áreas de filosofia e ciência política pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Yale University. Atualmente é pesquisador associado do Centro Brasileiro de Pesquisa e Planejamento (CEBRAP) e editor de justiça climática da Brazilian Political Science Review (BPSR).
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